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Desde a abertura da Casa Absurda - espaço cultural da cidade de Fortaleza, sede dos grupos de teatro Cia Prisma de Artes e Pavilhão da Magnólia -, impulsionamos o desejo de partilhar o território com outros artistas e outras linguagens. Assim lançamos mão de uma sala de recepção com quadros nas paredes para transformar em galeria de arte. Essa não se limitaria a obras bidimensionais sobre telas e papeis, mas acolheria a diversidade poética, abrigando intervenções que tomassem todo o espaço do chão, corredor, teto etc..

 

Uma casa que abriga diversas linguagens artísticas, cria pontes, vias e caminhos, com seus integrantes, com o público e com a cidade. Contudo, com menos de dois anos de existência, fomos surpreendidos pela pandemia do Covid-19, que nos obrigou a fechar a casa. Em enfrentamento à complexidade de estar vivo (que agora se agrava diante de um vírus desconhecido), continuar criando, fomentando e produzindo arte torna-se um ato de resistência. Com as ferramentas que tínhamos, fomos tateando pontes, recolocando o piso para quem acabou de perder o chão. O desejo se fazia potência, dessa vez para atravessar o tempo. Um tempo absurdo...

A noção de absurdo, que dá nome à casa e seus cômodos, veio da definição para a produção teatral da década de 50, surgidas no pós-segunda guerra mundial. Neste momento, é adequada mas insuficiente, pois se a mesma deu conta da subversão da lógica e da atmosfera onírica daqueles trabalhos, hoje é incapaz de abarcar a intensidade com que acontecimentos perspécticos e simbólicos se dão em meio à distopia, ao pós-golpe. Por isso insurgir - AGIR, pode parecer absurdo neste tempo, neste mundo, que pode piorar… e é preciso aprender a viver melhor num mundo pior, como bem diz Eduardo Viveiros de Castro. 

 

A Galeria Absurda Virtual, que esteve nas redes sociais de maio a outubro de 2020 e a convocatória para 2021, submetida como projeto ao edital público à Lei Aldir Blanc, via Secretaria da Cultura do Município, é nossa ação no mundo. É nosso intuito continuar criando juntos, construindo pontes, ligando pontos luminosos no céu, fabulando futuros. Sobre re-APRENDER: seguimos em prática com o coletivo, dando força à construção em grupo. Essa é a nossa intervenção - ser grupo, companhia, coletivo, bando, somando e multiplicando com tantos outros que por aqui chegam, com ares de provocação, mobilizando sensibilidades, reflexões e ações, refazendo continuamente perguntas na direção do desconhecido, refletindo nosso tempo no convívio, em comunidade.

 

Jota Júnior Santos

ator, produtor e integrante

do Grupo Pavilhão da Magnólia

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